O país perfeito: sem favelas, periferias que não
são periferias, mas sim bairros bem cuidados, escolas gratuitas com professores
de alto nível muito bem pagos, postos de saúde e hospitais
atendendo de forma plena a todos os cidadãos, controle absoluto das fronteiras
evitando a entrada de drogas e contrabando, policiais bem treinados e com curso
superior completo, justiça rápida sem acúmulo de processos civis e criminais,
penitenciárias com população carcerária bem abaixo do limite da capacidade,
informações às mulheres sobre DSTs, relacionamentos amorosos e controle da
natalidade, políticos abnegados e dedicados à causa pública, gestores da
administração pública federal, estadual e municipal muito bem preparados… sim,
o país perfeito.
Enquanto
esse país perfeito não passar de uma utopia, é só dar uma passada de olhos no
nosso pobre Brasil: políticos e administradores mais do que imperfeitos,
mulheres com seis, oito, dez filhos de pais diferentes e sem condições de
dar-lhes educação e escolaridade, presídios superlotados e em condições para lá
de precárias, justiça lenta, cega e a serviço de interesses públicos e
privados, policiais despreparados, mal pagos e muitas vezes trabalhando sem
condições psicológicas ideais, drogas de todos os tipos entrando
livremente pelas fronteiras, pelos aeroportos, pelas estradas vicinais, rios e
mar, filas vergonhosas para atendimento médico (péssimo) em postos de saúde e
hospitais, escolas degradadas com os piores índices na escala competitiva
mundial, periferias sem serviços públicos compostos de aglomerados
populacionais, puxadinhos, becos, cenários de brigas e desentendimentos,
favelas monstruosas que não param de proliferar…
Nesse
país absolutamente imperfeito chamado Brasil, vivendo a cruel desestruturação
familiar, a péssima gestão dos administradores e com leis tão ultrapassadas,
existem crianças de doze, catorze, dezesseis anos cometendo crimes atrozes,
aterrorizantes e cheios de crueldade sem que a chamada justiça encontre
fórmulas para sua reeducação ou isolamento da sociedade.
Para
milhares de famílias que já sofreram nas mãos destes menores infratores, as
penas pesadas e a redução da maioridade penal são os maiores anseios. Afinal,
que justiça é essa, onde as famílias não estão a salvo nem no reduto dos seus
lares e crianças perdidas em sua trajetória de vida ao avesso podem vagar pelas
ruas, armadas, agredindo, torturando, matando?
JEB