terça-feira, 16 de julho de 2019

Puro nepotismo

Exame do curso de preparação à carreira diplomática
no Instituto Rio Branco, 1947. Arquivo Nacional.
O filho de um amigo meu fez três tentativas para, enfim, passar nos exames visando estudar no Instituto Rio Branco e seguir a carreira diplomática. As últimas notícias que tive dele, ano passado, davam conta de que ele fora nomeado conselheiro na Embaixada do Brasil em Camberra, Austrália. Foi um passo-a-passo que deve ter levado bem mais de vinte anos.
Por isso, é de se estranhar que o presidente Bolsonaro tenha aventado - e insistido - em nomear seu filho embaixador nos Estados Unidos. Essa atitude contraria toda estruturação criada no Instituto Rio Branco para a progressiva ascensão na carreira diplomática daqueles que lá estudaram. 
Por mais que o presidente elogie a capacidade do filho, sua nomeação seria uma demonstração do mais puro e direto nepotismo e passaria por cima da ética, da moral e dos princípios que nortearam a criação da escola de diplomatas Rio Branco, no longínquo ano de 1945.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

O "Mito" enfiando os pés pelas mãos


Os eleitores do presidente Bolsonaro decidiram batizá-lo como "Mito", talvez pela sua performance nas últimas eleições. Mas o "Mito" tem muito a aprender, data vênia.
Não bastassem as trapalhadas criadas com a nomeação e posterior demissão de ministros e as interferências estapafúrdias dos filhos, o "Mito" conseguiu melar o meio de campo ao enviar para o Congresso, vários projetos simultâneos, tirando o foco de todos eles e suscitando discussões e mais discussões a favor e contra. 
Além disso, tentou mudar parte do projeto da reforma da Previdência, isso  após longas discussões e adaptações às vésperas da votação na CCJ.
Não se sabe se ele conta com uma assessoria pessoal que o oriente, mas pelas falas e opiniões que externa, tudo indica que não. Pois a mais recente é a declaração de que se recandidatará para a presidência em 2022, isso após parcos seis meses de governo. Aparentemente ele está empolgado com o poder. 
As últimas pesquisas mostram que a aprovação/desaprovação da sua gestão está dividida em porcentagens similares: 33% o aprovam e 33% o desaprovam. Esta pesquisa foi confirmada quando o "Mito" pisou no gramado do Maracanã: houve uma divisão bem parecida entre vaias e aplausos.
Se o "Mito" contasse com uma assessoria pessoal mais experiente, certamente mediria tanto suas falas como suas aparições em público, preservando-se e dedicando-se simplesmente a fazer o melhor dos governos. É o que se espera dele.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

A oposição burra


Para se falar em oposição burra (na política), é necessário primeiro definir o que seria uma oposição inteligente: certamente uma oposição constituída por cidadãos eleitos para cargos legislativos oferecendo propostas construtivas que visam o bem geral da nação.
O Brasil falha em áreas vitais em grande parte do nosso território. Oposição inteligente abarrotaria as câmaras dos municípios, estados e da união com projetos para resolver problemas de saneamento básico, saúde, educação, estabilização da economia, pleno emprego, transportes e qualidade de vida, colaborando com o Executivo e sempre em prol do bem comum.
Infelizmente lidamos com uma oposição burra, que ao invés se preocupa apenas com o bem estar individual. São pessoas que galgam a carreira política visando proveito próprio, ganhos financeiros e trabalham permanentemente para sua reeleição nas eleições seguintes. Essa é a turma do "quanto pior, melhor". Não admitem derrotas, suas mentes são bitoladas e chegam a ser ridículos em suas posições, questionamentos e argumentações.
Na listagem da oposição burra na Câmara dos Deputados destacam-se (negativamente): Henrique Fontana (PT-RS
Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Paulo Pimenta (PT), Ivan Valente (PSL), Alessandro Molon (PSB), Benedita da Silva (PT), Carlos Zarattini (PT), Erika Kokay (PT), Gleisi Hoffmann (PT), José Guimarães (PT), Luiza Erundina (PSOL), Marcelo Freixo (PSOL), Maria do Rosário (PT),  Orlando Sila (PCdoB), Ruy Falcão (PT) e Zeca Dirceu (PT), entre outros.
Este é o nosso Brazil, zil, zil!

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Witzel, a política no velho estilo


O governador do Rio de Janeiro veio a público para afirmar que o Rio de Janeiro é o estado com a maior redução dos índices de criminalidade do país.

A afirmação chega a surpreender, quando tomamos conhecimento diariamente dos crimes, assaltos, arrastões e sequestros que lá ocorrem. E pior: é aterrorizante assistir à bandidagem portando armas de grosso calibre, circulando livremente pelos morros e pelas favelas (que, eufemisticamente., são chamadas de "comunidades"). 

O programa Fantástico de domingo mostrou também o elevado grau de violência em Itaboraí, município que fica a pouco mais de 50 quilômetros da praia de Copacabana. Aquela cidade está dominada pelos narcotraficantes e pelas chamadas milícias e, segundo a reportagem, apresenta um altíssimo índice de assassinatos. Até uma estrada foi ocupada pelos delinquentes, interrompida por tubulões colocados como barreira, onde nem a polícia tem coragem de cruzar. 

E quem não se lembra das afirmações do governador, então ainda candidato, prometendo aniquilar quem quer que portasse um fuzil, por si só um ato criminoso? 

Witzel, o governador, ainda teve a pachorra de ameaçar outro dia o governo federal, afirmando que caso não ocorra uma renegociação da dívida do estado, romperia com o partido que apoia Bolsonaro, bandeando-se para a oposição.

Esta é exatamente a atitude tão criticada pelo presidente - e por todos que o elegeram: o famoso "toma lá, dá cá", marca registrada dos políticos da velha guarda, incompetentes, malandros e cuja maioria enriqueceu apoderando-se do dinheiro público.

Tudo indica que Witzel é o mais do mesmo!

Vídeo: Bandidos comemoram votação do senado contra porte de armas

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Novos vícios de linguagem


Quem assiste aos programas de televisão ou ainda (como eu) continua assíduo ouvinte de rádio, deve ter observado que são três as palavras mais utilizadas pelos repórteres, apresentadores e entrevistados: "aí", "ele", "ela".

Frases por eles proferidas são recheadas pela palavra "aí", provavelmente recordista absoluta quando são entrevistados policiais - esse tipo de reportagem é muito comum, por exemplo, em Londrina. Já cheguei a contar nove "aí" proferidas por um policial em curta frase de vinte segundos.

Outra mania que parece ter-se tornado crescente é a utilização desnecessária das palavras "ele" e "ela".

- A fulana de tal, ela ficou emocionada ao falar do filho.

- Os ônibus, eles estão funcionando normalmente.

- O diretor da empresa tal, ele confirmou o assalto ocorrido à noite.

Todos nós sabemos que a língua portuguesa é uma entidade viva, que vai se modernizando e atualizando ano após ano, absorvendo novas palavras e novas expressões, de Norte a Sul.

Entretanto, há manias que não podem ser chamadas de atualizações nem modernismos: são vícios que simplesmente deturpam nosso idioma.

sábado, 1 de junho de 2019

Observando de longe os acontecimentos brasileiros


- O presidente Bolsonaro vez em quando enfia os pés pelas mãos, falando abobrinhas. Com frequência ele contradiz a lógica dos seus ministros mais entendidos do que ele, para tentar se desdizer depois. É a falta de experiência administrativa, resultado de longos anos no Exército e no Legislativo.

- A Câmara dos Deputados ainda não se convenceu de que o Brasil está mudando. As manifestações de rua deram um recado explícito àqueles que continuam exercendo a velha política regida pelos "raposas", muitos deles já senis - se não em idade, certamente em atos.

- Os congressistas não entenderam que a fase do "toma lá, dá cá" está terminando. A renovação parcial de deputados e senadores começa a bloquear as barganhas e as chantagens que muitos faziam para conseguir benesses, verbas, cargos e nomeações.

- A luta para acabar com verbas irregulares concedidas a ONGs, entidades, blogueiros, jornalistas e apaniguados certamente será árdua... mas o velho esquema criado pelo PT para que os órgãos de comunicação varressem as desídias e os "mal feitos" para debaixo do tapete está mudando. 

- Tudo indica que o Supremo Tribunal Federal será enquadrado pela voz do povo. Decisões estapafúrdias, absolvições descabidas e arrogância ditatorial vêm sendo veementemente criticadas. Os ministros do STF terão de repensar mais e mais vezes antes de tomarem decisões.

- Com o tempo, o Executivo (leia-se Bolsonaro e ministros) avaliará melhor os seus projetos intempestivos quanto à liberação de armas, mudanças bruscas no ensino, cortes (ou contingenciamento) de verbas com o prejuízo de pesquisas, bolsas, equipamentos para as universidades, infra-estrutura, etc.

- É inacreditável que o Congresso ainda tente bloquear o decreto presidencial que pretende acabar com as irregularidades existentes no pagamento de aposentadorias e benefícios - há milhares de pagamentos irregulares e  indevidos, em detrimento de quem realmente os necessita.