segunda-feira, 6 de julho de 2020

Há 12 anos! E nada aconteceu! Vergonhoso!

O falecido estilista, apresentador de televisão e deputado Clodovil Hernandes, apresentou em 2008 uma PEC (Proposta de Emenda à constituição) que visava diminuir o absurdo e incompreensível número de deputados federais para 250 (praticamente a metade do número atual). Eis a notícia de 21/07/2008 - 18:25, cuja fonte é a Agência Câmara de Notícias: "A Câmara avalia a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 280/08, que diminui o número de deputados federais dos atuais 513 representantes para 250. De autoria do deputado Clodovil Hernandes (PR-SP), a proposta determina que cada estado terá, no mínimo, quatro representantes e, no máximo, 35 deputados. Os parlamentares, de acordo com o texto, continuarão sendo eleitos pelo sistema proporcional, e o critério para o número de deputados por estado continuará o mesmo usado atualmente: a população. A PEC altera o artigo 45 da Constituição para inserir o novo número e estabelece ainda que eventuais territórios que venham a ser criados terão apenas um representante na Câmara Federal. A representação por estado e pelo Distrito Federal será estabelecida por lei complementar, proporcionalmente à população. Os ajustes necessários serão feitos no ano anterior às eleições (para que nenhuma das unidades da Federação tenha menos de quatro ou mais de 35 deputados). Enxugamento O parlamentar destaca que a atual composição da Câmara dos Deputados, com representantes de todos os estados e do Distrito Federal, "resulta em um Parlamento com diversidade de idéias, bastante plural, o que é imensamente positivo". Entretanto, ele considera que o atual número de deputados é excessivo, especialmente "em um momento em que a sociedade se volta contra a classe política e exige a depuração de seus quadros". Para o deputado, "uma Câmara com 250 membros já possuirá amplas condições de representar a diversidade da sociedade brasileira, e possibilitará um enxugamento de estruturas administrativas que redundará até mesmo em significativa diminuição de despesas públicas como ganho secundário". Além disso, o parlamentar ressalta que o funcionamento da Casa, com a simplificação, deve melhorar. "Preservado o federalismo com a manutenção da representação igualitária do Senado, estamos certos de aprimorar nossa democracia", acrescenta. Tramitação A proposta tramita apensada à PEC 170/99, que altera a composição da Câmara Federal para 380 deputados, estabelecendo um mínimo de três e o máximo de 70 deputados por estado. Já aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, a matéria deve ser analisada ainda por uma comissão especial, antes de seguir para o Plenário". Comentário: o governo federal é obrigado a dispender uma fortuna mensal para suprir os pagamentos de salários, mordomias, despesas extras, assessores, planos de saúde, viagens, verbas eleitorais, etc., etc., etc. dos "ilustres" (o entre aspas é uma ironia) parlamentares. Até hoje a PEC não foi aprovada (talvez nem tenha sido votada). Nenhum dos deputados se dignou a baixar seus próprios ganhos, principalmente nesta fase de pandemia, óbitos, desemprego, fechamento de empresas...

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Radicalismos


Estupefato. Foi a única palavra que encontrei para definir como me sinto no meio deste tumultuado processo "bolsonáticos X anti-bolsonáticos"!

Após sobreviver a todas as gestões presidenciais desde Getúlio Vargas, passando pelo regime militar, pela roubalheira do lulopetismo e pela louca Dilma, vejo os ânimos se acirrarem dia a dia de forma cada vez mais agressiva.

Não entendo a posição de fanáticos - muitos deles moram no Exterior e nem conhecem a atual realidade brasileira - que vestem a camisa do presidente, distribuem notícias fabricadas (inclusive fakes) e colaboram para corromper as mentes dos leitores em suas redes sociais.

Penso que cada um de nós tem o absoluto direito de externar opiniões e assumir posições. Mas o radicalismo que toma conta de grande parte dos brasileiros provavelmente nos conduzirá a desfechos indesejáveis e nefastos.

Faltou desde sempre aos governantes brasileiros interesse e empenho em reduzir as diferenças sociais, proporcionar educação e saúde, investir em infra-estrutura e, principalmente, extirpar o terrível cancro da corrupção que reina entre políticos, assessores e maus empresários.

Nossa luta deveria ser por exigências: cumprimento das leis, aplicação correta do dinheiro público e, principalmente a eliminação do gritante abismo entre a "corte" dos 3 Poderes e nós, vassalos pagadores de impostos. 

terça-feira, 2 de junho de 2020

70% versus 30%


Este é o novo slogan dos anti-Bolsonaro. Refere-se ao resultado de uma pesquisa indicativa de que apenas 30% apoiam hoje o presidente, após todas as trapalhadas e celeumas em que este se meteu.
Curiosamente, 30% era também a porcentagem média de apoiadores do luladrão, um número praticamente imutável, chovesse ou fizesse sol, seus partidários roubando muito ou pouco, corruptos ou não.
Presume-se então que eventualmente cerca de 40% dos eleitores hoje não têm partido político, não apoiam fulano nem sicrano, grande parte votaria nulo ou branco e obviamente não estão satisfeitos com o andar da carruagem.
Significa também que tanto Bolsonaro quanto qualquer um que se candidate às eleições presidenciais de 2022, terão de ralar muito, aglutinar mais eleitores e se esforçarem em técnicas de convencimento, confiança e capacitação.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Oportunidade perdida


As eleições presidenciais de 2019 representaram a oportunidade que os brasileiros esperavam para tirar do poder e de suas vidas a turminha do PT - os corruptos, incompetentes e indignos usufrutuários dos nossos suados ganhos.
Bolsonaro assumiu e trouxe esperanças de mudanças. 
Infelizmente, tudo indica que o ex-deputado não estava preparado para assumir o poder. Controverso, sujeito a explosões de humores, desobediente aos princípios básicos que regem a formalidade do seu cargo, influenciado por filhos de propósitos suspeitos, o presidente acredita que os bolsonáticos - ou a sua turma de "apoiadores - representam a maioria do povo brasileiro. Ledo engano!
Pesquisas indicam que os bolsonáticos representam cerca de 30% do eleitorado brasileiro, assim com os petralhas representavam também uma porcentagem similar, seguidores do desonesto (para dizer o mínimo) lula da silva.
Com as patacoadas de Bolsonaro, os ânimos começaram a se exaltar - além do razoável. Grupos pró e contra o governo montaram verdadeiras máquinas de informação e desinformação através das redes sociais, blogueiros, youtubers e os chamados "influenciadores digitais".
Infelizmente é quase impossível checar a veracidade de tudo que é publicado. Somos bombardeados minuto a minuto pela mídia, cujos jornalistas - da imprensa ou do rádio e tevê - são obrigados a seguir a cartilha dos seus empregadores, por interesses muitas vezes escusos. 
As passeatas e os movimentos de rua que tiveram início em Brasília e agora se estendem por outras cidades, se mostram cada vez mais violentas e assustadoras. Nem o confinamento impede aglomerações, comícios e confrontos, na contramão da sensatez de milhões de brasileiros.
E agora, Bolsonaro? 

sábado, 16 de maio de 2020

Pandemia e política: mistura perniciosa


Desde a gripe espanhola de 1918, nunca os brasileiros enfrentaram uma pandemia de tal vulto como esta do Covid 19.
A partir do momento em que a pandemia espalhou-se pelo mundo, cada país atingido procura desesperadamente e à seu modo caminhos para combatê-la. 
A maioria deles tem envidado seus esforços focados em encontrar a melhor solução pelo bem dos seus cidadãos. 
Médicos, pesquisadores, infectologistas e outros cientistas procuram compulsivamente um remédio, uma vacina, um paliativo, uma solução para este combate que tem ceifado vidas ao redor do mundo.
Infelizmente no Brasil, além das dificuldades inerentes ao nosso enorme território, com diferenças extremas nos usos e costumes de Norte a Sul, ocorrem deficiências culturais e financeiras: há pessoas sensatas que compreendem a importância do confinamento, das máscaras, da proteção familiar... e outras que esbanjam ignorância, acreditam ser imunes ao vírus, contestam e desobedecem as autoridades sanitárias e as regras impostas pelos governantes.
Por outro lado, nosso país vive uma turbulência política desnecessária frente à pandemia. Presidente e governantes se digladiam diariamente discutindo sobre confinamento e abertura, sobre fechamentos de atividades ou suas liberações. Pior: o presidente entra em litígio com sua própria equipe, principalmente na área da saúde, tentando impor seus conhecimentos rudimentares sobre a forma do combate em uma ciência que lhe é obscura e desconhecida.
Os veículos de comunicação se regalam com o pandemônio derivado da pandemia. Assuntos não lhes faltam e os desentendimentos políticos fornecem um prato cheio para sua degustação. Há inclusive apresentadores e comentaristas da televisão que nitidamente faltam salivar de satisfação.
Portais e blogs a favor e contra o governo distribuem notícias a granel, inclusive as chamadas fake news.
Só resta aqui um comentário final: esta é e foi a política de sempre em nosso país. Ou o país não se chamaria Brasil.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Bolsonáticos e Moro


Deixei de votar há 10 anos, assim que a lei me possibilitou.
Passaram pela minha vida incontáveis presidentes, uns mais e outros menos carismáticos.
Deduzi que a gana que algumas pessoas têm em ser um político de ponta deve ser um desvio psicológico, pois no mundo todo há pouca diferença entre líderes considerados democráticos ou ditadores. Todos eles estão em busca do poder. O poder pelo poder! A ciência pode explicar.
Nunca me "apaixonei" por nenhum político, muito menos por nenhum presidente do nosso país. 
Por isso, me assusta esta quantidade de "bolsonáticos", os fanáticos por Bolsonaro. Junto com eles, estão os agressivos, destruidores, provocadores (basta ver o que aconteceu em Brasília, as agressões a servidores da saúde e a jornalistas). Assustador!

Fotograma extraída de vídeo
Também não compartilho e até condeno as posições de muitos que querem a volta da ditadura militar, da qual tenho péssimas lembranças.
O "Mito" está enfiando os pés pelas mãos. Deixa que os filhos interfiram no governo. Desobedece a todas as regras do bom senso quando se trata da terrível pandemia e transmite um péssimo exemplo à população, principalmente à menos culta. É mal-educado no trato com a imprensa. Briga com o Congresso. Desdiz-se a cada momento. Confunde seu cargo com autoritarismo.
Desde antes da eleição, Bolsonaro conta com uma "fábrica" de notícias nas redes sociais, com a participação dos filhos e de especialistas em comunicação. A cada momento são espalhadas notícias contra adversários, contra a mídia adversária, contra outros políticos, congressistas e juízes; esta aparelhagem recebeu o nome de "gabinete do ódio".
Chegamos ao quesito Moro, razão deste comentário.
Indubitavelmente Moro é uma pessoa extraordinária. Mandou para a cadeia mais de 110 corruptos e o Brasil contou até março de 2019 com uma média de R$ 1,37 milhão por dia devolvidos aos cofres públicos desde 2014. 
Pesquisas indicavam a queda de popularidade do Mito e altos índices positivos para Moro e Mandetta. Provavelmente enciumado, Bolsonaro desfez-se inicialmente de Mandetta e depois ocorreu a celeuma com Moro.
Acho pequenez as pessoas repassarem notícias negativas contra o juiz Moro, xingando-o de traidor, aproveitador, etc, logo após ele ter sido considerado um herói. É necessário, antes, que a controvérsia da demissão seja muito bem esclarecida, para que no futuro não haja arrependimentos sobre a posição que tomamos hoje. 
Pessoalmente, não assumo a posição de "adorador" do Mito (ou "bolsonático"), nem compartilho as ofensas e acusações hoje formuladas contra Moro.
No Brasil, deveríamos evitar a posição do "8 ou 80". Eu prefiro me manter nos 40. É uma posição neutra, bastante analítica e responsável.
JEB

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Rememorando os tempos da censura

Matéria censurada no jornal O Estado de São Paulo substituída por versos de Camões

“Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. 
Como não sou judeu, não me incomodei. 
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. 
Como não sou comunista, não me incomodei. 
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. 
Como não sou católico, não me incomodei. 
No quarto dia, vieram e me levaram; 
já não havia mais ninguém para reclamar...”

Martin Niemöller, pastor luterano que recebeu o
Prêmio Lênin da Paz em 1966

A censura brasileira foi bastante atuante nos tempos do regime militar e nem todos os brasileiros se deram conta do alcance de tal aberração. Nos jornais O Estado de São Paulo e seu filhote Jornal da Tarde quase diariamente matérias eram cortadas pelos censores, substituídas por versos de Camões e receitas culinárias exatamente nos espaços censurados. A censura agiu com mão forte também no reacionário jornal Pasquim, no teatro, no cinema, na música, em outros jornais e revistas brasileiros. 
O Pasquim sofreu intensamente com a censura: seus jornalistas, escritores e colaboradores chegaram a ser presos, mas como não se intimidaram, as autoridades da época ameaçaram os donos de bancas de jornais: se continuassem com a distribuição do Pasquim, as bancas seriam destruídas. Foi o fim do jornal.
Os artistas provavelmente foram os que mais sentiram na carne a mão forte da censura: peças de teatro e letras de músicas eram sistematicamente vetadas por “infringirem” a linha limítrofe entre entretenimento e eventuais mensagens políticas inseridas em seus contextos. A criatividade foi inteiramente cerceada. 
Naquela época, a publicidade também foi muito visada: todos os materiais que nós, publicitários, enviávamos para publicações no Exterior, passavam obrigatoriamente pela Polícia Federal. Em 1973 eu estive pessoalmente frente a censores em escritório da PF, à Rua Xavier de Toledo São Paulo, para liberar anúncios desenvolvidos pela minha agência de propaganda. Os anúncios foram criados para um cliente, se destinavam a publicações na Holanda e Bélgica por ocasião da primeira Feira Brazil-Export no Exterior, em Bruxelas, e foram meticulosamente examinados pelos censores antes da aprovação. O pacote para a remessa era lacrado, autenticado e só então poderia ser enviado ao Exterior.
Aqueles que minimamente tomaram conhecimento dos horrores provocados pelo nazismo, certamente já assistiram ou leram sobre a técnica nazista que consistia em promover pessoas de baixo nível social e intelectual para postos importantes nas tropas das famigeradas “SS”, que eram as “Tropas de Proteção” ligadas ao partido nazista e comandadas por Himmler. Assim, o ex-carteiro, o ex-alfaiate, o ex-açougueiro e até o ex-inútil da aldeia, subitamente se viam uniformizados e guindados à posição de carrascos daqueles judeus, ciganos, padres, pederastas, negros e outros grupos étnicos minoritários aos quais até então serviam. Aproveitavam a oportunidade para destilar suas frustrações, seu sadismo, sua raiva e sua incompetência infligindo-lhes torturas, castigos e até a morte.
Pois a censura não difere muito destes métodos. Ou seria possível alguém acreditar que na época do regime militar no Brasil os censores fossem professores-doutores, mestres em literatura ou pessoas dotadas de um grau mínimo de intelectualidade para censurar com olhar profissional e competente os materiais a eles apresentados? Espalhados por todas as cidades brasileiras? Os censores da época com certeza não eram luminares da inteligência brasileira. Os diálogos foram ásperos, primitivos e ai de quem ousasse tecer qualquer comentário a respeito: a “otoridade” se faria valer!
Censura caminha sempre de braços dados com o autoritarismo. Uma não pode viver sem o outro. E a História está recheada de exemplos. Pena que sejam esquecidos.
JEB