sexta-feira, 14 de junho de 2019

Novos vícios de linguagem


Quem assiste aos programas de televisão ou ainda (como eu) continua assíduo ouvinte de rádio, deve ter observado que são três as palavras mais utilizadas pelos repórteres, apresentadores e entrevistados: "aí", "ele", "ela".

Frases por eles proferidas são recheadas pela palavra "aí", provavelmente recordista absoluta quando são entrevistados policiais - esse tipo de reportagem é muito comum, por exemplo, em Londrina. Já cheguei a contar nove "aí" proferidas por um policial em curta frase de vinte segundos.

Outra mania que parece ter-se tornado crescente é a utilização desnecessária das palavras "ele" e "ela".

- A fulana de tal, ela ficou emocionada ao falar do filho.

- Os ônibus, eles estão funcionando normalmente.

- O diretor da empresa tal, ele confirmou o assalto ocorrido à noite.

Todos nós sabemos que a língua portuguesa é uma entidade viva, que vai se modernizando e atualizando ano após ano, absorvendo novas palavras e novas expressões, de Norte a Sul.

Entretanto, há manias que não podem ser chamadas de atualizações nem modernismos: são vícios que simplesmente deturpam nosso idioma.

sábado, 1 de junho de 2019

Observando de longe os acontecimentos brasileiros


- O presidente Bolsonaro vez em quando enfia os pés pelas mãos, falando abobrinhas. Com frequência ele contradiz a lógica dos seus ministros mais entendidos do que ele, para tentar se desdizer depois. É a falta de experiência administrativa, resultado de longos anos no Exército e no Legislativo.

- A Câmara dos Deputados ainda não se convenceu de que o Brasil está mudando. As manifestações de rua deram um recado explícito àqueles que continuam exercendo a velha política regida pelos "raposas", muitos deles já senis - se não em idade, certamente em atos.

- Os congressistas não entenderam que a fase do "toma lá, dá cá" está terminando. A renovação parcial de deputados e senadores começa a bloquear as barganhas e as chantagens que muitos faziam para conseguir benesses, verbas, cargos e nomeações.

- A luta para acabar com verbas irregulares concedidas a ONGs, entidades, blogueiros, jornalistas e apaniguados certamente será árdua... mas o velho esquema criado pelo PT para que os órgãos de comunicação varressem as desídias e os "mal feitos" para debaixo do tapete está mudando. 

- Tudo indica que o Supremo Tribunal Federal será enquadrado pela voz do povo. Decisões estapafúrdias, absolvições descabidas e arrogância ditatorial vêm sendo veementemente criticadas. Os ministros do STF terão de repensar mais e mais vezes antes de tomarem decisões.

- Com o tempo, o Executivo (leia-se Bolsonaro e ministros) avaliará melhor os seus projetos intempestivos quanto à liberação de armas, mudanças bruscas no ensino, cortes (ou contingenciamento) de verbas com o prejuízo de pesquisas, bolsas, equipamentos para as universidades, infra-estrutura, etc.

- É inacreditável que o Congresso ainda tente bloquear o decreto presidencial que pretende acabar com as irregularidades existentes no pagamento de aposentadorias e benefícios - há milhares de pagamentos irregulares e  indevidos, em detrimento de quem realmente os necessita.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Dando com uma mão e tirando com a outra


A Câmara dos Deputados aprovou  a Medida Provisória 870, que reformou a estrutura ministerial, reduzindo o número de pastas de 29 para 22. Uma colher de chá para o governo Bolsonaro.

Porém, logo em seguida, os congressistas decretaram uma relevante derrota ao governo (228 votos a 210), retirando o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça, comandado por Sergio Moro, e passá-lo para o Ministério da Economia. 

Analistas políticos afiançam que esta estratégia evitará a mão pesada da justiça sobre a infinidade de congressistas enrolados com irregularidades (corrupção, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito y otras cositas más).
Foto: Sérgio Lima

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Os Narcisos da política


Como sabemos, Narciso é um personagem da mitologia grega, filho do deus do rio Cefiso e da ninfa Liríope. Narciso era arrogante e orgulhoso, mas ao invés de se apaixonar por outras pessoas que o admiravam, ele ficou apaixonado por sua própria imagem, sendo hoje o símbolo da vaidade.

Nós contamos com inúmeros Narcisos na política, que se pavoneiam e fazem de tudo para aparecer, querendo sempre se sobrepor aos outros.

Talvez o Narciso mor seja o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Enciumado pelo sucesso obtido nas urnas pelo atual presidente Bolsonaro, Maia quer porque quer impor suas vontades, suas ideias, mesmo que contrarie colegas e bata de frente com o pessoal do Executivo. Ontem, dia 9, Maia passou por cima do acordo anteriormente firmado e disse que não vai colocar em votação a  Medida Provisória enviada pelo Executivo, que reestrutura o governo Bolsonaro. A Medida Provisória perderá a validade no dia 03 de junho e, se não for aos plenários da Câmara e do Senado, o governo voltará a ter a mesma estrutura da administração de Michel Temer em relação à quantidade de ministérios.

São atitudes como esta que provocam o atraso do Brasil. Também ontem a Câmara conseguiu bloquear a permanência do COAF na Secretaria da Justiça - o que facilitaria as investigações sobre corrupção, enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Pompa e circunstância


Acontecimento impensável para os brasileiros, eis que nasceu mais um herdeiro do trono britânico. Filho do Príncipe Harris e de Meghan, Duquesa de Sussex, este bebê agitou a Gra-Bretanha, movimentando as casas de apostas para premiar quem acertar seu nome, além de extasiar milhões de homens e mulheres.
No Brasil, talvez a única equivalência desta pompa e circunstância se localize em Brasília, onde legisladores (Câmara e Senado) e juristas (Supremo Tribunal Federal) vivem um sonho dourado, com salários, verbas e adicionais astronômicos, sonho impensável para nós, simples lacaios, vigiados, cobrados e tolhidos financeiramente.

domingo, 5 de maio de 2019

Bill de Blasio, shame yourself!


O prefeito de Nova Iorque nos brindou com uma nota fora e afrontou a todos os brasileiros quando se referiu ao presidente Bolsonaro, que cancelou sua viagem àquela cidade para receber uma homenagem: "Ele é perigoso não apenas por causa de seu racismo e homofobia evidentes, mas porque ele é, infelizmente, a pessoa com mais condições de impactar sobre a Amazônia".

Para quem não sabe, os Estados Unidos apresentaram a maior perda com desmatamento, representado 6% da cobertura total em apenas cinco anos, resultando na redução de 120 mil km2 de florestas. 

A Europa vem liderando os países industrializados na condução do desmatamento global,  atesta um relatório independente divulgado pela Comissão Europeia. Segundo o estudo, o consumo de bens europeu levou a uma perda de floresta de pelo menos nove milhões de hectares entre 1990 e 2008. Esse número representa uma área do tamanho da Irlanda. Uma análise detalhada do ano de 2004 mostrou que a União Europeia foi quem mais contribuiu para a destruição florestal por causa de importações.

Pesquisadores afirmam que mais de um milhão de quilômetros quadrados de florestas foram perdidos entre 2000 e 2005 ao redor do globo, representando 3,1% da cobertura total. Porém, para a surpresa de muitos, o estudo revela que no mesmo período, Estados Unidos e Canadá apresentaram taxas de desmatamento maiores até mesmo que o Brasil quando levada em conta as suas áreas.

Portanto, senhor De Blasio, antes de criticar o pomar do vizinho, olhe para o seu próprio pomar - ou o que ainda restar dele.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Vontade de assassinar a Vivo!

Levantamento do Estadão mostra a Vivo como a operadora com maior
número de reclamações dos clientes
Se a empresa de telefonia Vivo fosse uma pessoa, provavelmente não estaria mais em pé. Teria sido abatida por milhares de pessoas que nutrem o mesmo sentimento de ódio que eu. 

Pois já  há cerca de um mês essa empresa passou a perturbar meu sossego com  dois e até três telefonemas diários, inclusive aos domingos, tanto no meu aparelho fixo, como no celular. Para não serem identificados e por consequência barrados nas ligações, eles se valem de números não repetidos, com DDDs de localidades das mais diversas. 

Ao atender, constatamos que é uma gravação, impelindo-nos a falar com algum atendente. Querem por que querem que  eu troque de operadora e me torne cliente Vivo. Como não encontrei nenhum número de telefone ou um e-mail que nos permita falar com a diretoria ou, de alguma forma, solicitar que a empresa pare de me atormentar, decidi ouvir o termino da gravação  e aí, sim, falar com o atendente. Por duas ocasiões soltei o verbo com uma intensidade tal que as genitoras deles devem ter sentido a minha ira. Seja lá onde estiverem. Até no túmulo!

Então, como não adianta nada deixar de atender às chamadas da Vivo, coloco o problema na rede para quem quiser ler. Na esperança de que algum diretor ou graduado daquela empresa também o leia.

Nota zero para a empresa que deve estar assessorando a Vivo e inventou essa fórmula idiota de agredir as pessoas. Pois propaganda bem feita é aquela que atrai o consumidor, seja pela qualidade dos serviços, seja pela beleza da linha, seja por indicações de terceiros, seja por motivações psicológicas, seja pelo atendimento das suas demandas. Quem quer que tenha sugerido à Vivo esta agressão, está direcionando a empresa a um buraco negro, sem volta. Pois quem nutre raiva a respeito de algum produto ou alguma empresa, dificilmente esquecerá a irritação pela qual passa ou passou. O revide virá em algum momento.