sábado, 13 de abril de 2019

O poder de fogo das milícias cariocas


No Brasil, milícias são grupos de pessoas que realizam patrulhas contra narcotraficantes, geralmente em regiões onde o Estado não está presente com serviços básicos à população – como a própria segurança pública. Fato bem marcante no Rio de Janeiro, onde o Estado se ausentou, se omitiu e os próprios governantes saquearam os cofres públicos.

Ao substituírem o Estado, as milícias criaram a cobrança de taxas de proteção contra roubo ou a venda de drogas; exploração clandestina, cobrando e dominando os serviços de gás, televisão a cabo, máquinas caça-níqueis, cocos verdes, crédito pessoal, imóveis e transporte alternativo; oposição aos narcotraficantes e ao domínio territorial de facções; é uma segurança alternativa composta por policiais, bombeiros, vigilantes, agentes penitenciários e militares, tanto os já fora de serviço ou ainda ativos.

Por causa do desmoronamento de dois edifícios, descobrimos que praticamente toda aquela área é composta por dezenas e dezenas de construções - com cinco ou mais andares - erigidas e vendidas por milicianos, todas irregulares, sem alvará, sem licença, sem projetos, sem análise de solo, sem cálculos de estruturas e sem nenhum controle por parte do Estado. Pode-se notar que os prédios não obedecem aos padrões normais de construções, como a distância lateral entre um e outro, aparentando não oferecer luz solar para a maioria das unidades laterais.

Incompreensível a omissão do Estado: onde estavam a Prefeitura, o Judiciário, a OAB, o governador, a polícia, a fiscalização, o controle? Hoje, a possibilidade de acompanhamento das invasões de áreas de preservação e e construções irregulares através de satélites e via Google inviabiliza qualquer tentativa de explicações, de desculpas ou de alegada ignorância do poder público.

Medo. Esta é a explicação mais plausível. As autoridades têm medo das milícias e dos milicanos, omitindo-se, escondendo-se, ignorando propositadamente aquelas ações ilegais e irregulares. Vergonhoso para nosso país!


Foto: AP Photo/Renato Spyrro

Nenhum comentário:

Postar um comentário