quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Blogueiros Oitentões

 

Há cerca de dez anos apresentei na Academia de Letras de Londrina um breve texto, com o título “Blogueiros Setentões”. Eu compartilhava a minha descoberta de que não conhecia nenhum outro setentão além de mim produzindo e escrevendo em seus próprios blogs.
A razão maior era o fato de que, com aquela idade, poucos jornalistas, publicitários e outros profissionais tiveram a coragem ou o atrevimento de se enredar nos programas gráficos de computador, que soavam estranhos e complexos para a minha geração. Hoje, em parte graças aos celulares (que são na realidade minicomputadores de alto desempenho), os jovens e principalmente as crianças operam este novo mundo digital com uma desenvoltura inacreditável.
No meu caso, como publicitário e originalmente “layoutman” (desenhista-criador de peças publicitárias na antiga prancheta de desenho), fui obrigado em meados da década de 1990 a tomar uma decisão radical na minha vida. Após perceber que outras agências de propaganda apresentavam seus trabalhos já produzidos em Corel, Page-Maker, Photoshop e outros programas gráficos, finalizados em impressoras de mesa, embrenhei-me no mundo da informática. Com meu primeiro computador, adquiri aqueles programas e, inicialmente receoso e atemorizado, levei alguns meses até conseguir produzir as primeiras criações publicitárias, que possibilitaram a continuidade da minha sobrevivência profissional ao mesmo nível dos concorrentes.
As universidades ampliaram seus cursos. O termo layoutman mudou para designer gráfico. Surgiram novas áreas, anteriormente impensáveis, como Big Data e Inteligência Analítica, Marketing Digital, Gestão da Comunicação Digital e Mídias Sociais, Produção Audiovisual Multiplataforma, Gestão de Redes de Computadores e Comunicação de Dados... e tantas outras especializações que hoje formam um emaranhado infinito de opções para formação de futuros profissionais. Cursos que vão muito além das áreas de comunicação, propaganda e marketing que eu cursara.
Em meados da década de 2000, comecei a aplicar meus conhecimentos de redação de textos e de design gráfico criando meu primeiro blog, que intitulei de “Bahr-baridades”, uma brincadeira com meu sobrenome. De início tímido, mas com ampla liberdade de expressão, escrevi sobre tudo: política, fatos do dia a dia, humor, crônicas, histórias do meu passado... 
Os acessos ao blog cresciam diariamente e chegaram a uma média de 1.000 diários, conforme indicava o contador de acessos do provedor. Em 2011, fui convidado pelo Diário de Maringá a inserir meu blog naquele veículo, onde o mantive até a decretação da falência daquele veículo em abril de 2019, perdendo lamentavelmente a maioria dos cerca de 4.000 textos lá publicados, que se tornaram inacessíveis. O mesmo aconteceu com vários outros blogs inseridos naquele portal.
Fui criador de outros blogs: talvez o mais importante tenha sido o “Visual de Londrina”, no qual eu me dedicava a denunciar a poluição visual da nossa cidade. Eu circulava pela cidade, fotografava os locais onde a poluição visual saltava aos olhos, inseria posts com as fotos e textos no blog, mostrava caminhos e soluções e este trabalho acabou despertando a atenção da imprensa - jornais, revistas e televisão -, para os quais dei várias entrevistas. Recebi críticas, elogios e quase tomei uma surra do pessoal que trabalhava com outdoors, ameaçados de perder seus empregos se a cidade adotasse medidas contra a poluição visual. Os textos que eu inseria no blog serviram de base, finalmente, para o então prefeito Barbosa Neto redigir e fazer aprovar a Lei da Cidade Limpa, de Londrina. Pelo trabalho desenvolvido, fui convidado a inserir meu blog no Jornal de Londrina, onde pouco mais tarde o extingui, visto a missão ter sido cumprida.
Hoje opero mais dois blogs: este “Conversas de bahr em bahr” – novamente uma brincadeira com meu sobrenome – e “Publicidade, prazer em conhecer”. Por comodismo, faço poucas inserções de matérias em ambos, talvez porque minha jornada de blogueiro já tenha sido bastante extensa.
Quando lancei meu segundo livro, fui entrevistado pelo Jornal da Gleba. O título da matéria foi “Julio Ernesto Bahr, o fuçador”. Sim, pois revelei ao jornalista que sou um pesquisador ou “fuçador” da internet, sempre buscando informações e comprovações de assuntos. E foi fuçando que descobri – ou melhor, não descobri até agora - nenhum outro blogueiro oitentão, que produza e escreva em seus próprios blogs.
Alguns provavelmente existem no Brasil. Em outros países, com certeza. Muitos existirão no futuro, quando a geração mais jovem se tornar idosa. Eles chegarão com grande conhecimento tecnológico e, quiçá, com formação cultural elevada. Mas por enquanto, considero-me um exemplar raro nesta fauna que se convencionou chamar de Terceira Idade. 
Um blogueiro oitentão! Principalmente blogueiro!

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Trump, espírito de ditador

 

Psiquiatras talvez possam explicar melhor as tendências de tantos dirigentes de países por todos os cantos do mundo em se tornarem ditadores.
A regra geral deles é jamais deixar o cargo de presidente e/ou ditador, agarrando-se com unhas e dentes às suas cadeiras/tronos, eternizando-se por 10, 20 ou mais anos.
A História está recheada destes tipos. Alguns já morreram, foram mortos ou estão a perigo em seus países:
Muammar Gaddafi
Papa Doc
Kim Jong-un
Manuel Noriega
Francisco Franco 
Augusto Pinochet
Salazar
Sadat
Bashar al-Assad
Lukaschenko
O que se estranha é que nos Estados Unidos, considerado um dos mais democráticos países do mundo, a figura arrogante, malcriada, despreparada e sem compostura de Donald Trump, vem demonstrando o seu desequilíbrio mental e moral, contestando as atuais eleições (cujo sistema difere dos sistemas da maioria dos países). Lá é possível um candidato ser derrotado nas urnas, mas ser eleito graças ao Colégio Eleitoral, o que  já ocorreu cinco vezes na história norte-americana. A primeira foi em 1824!
Depreende-se que o "espírito de ditador" tenha se alojado na cabeça de Trump, que está contestando as eleições - mesmo sem que todos os votos tenham sido apurados até esta data (05/11). 
Se eu fosse norte-americano, gritaria com todas as minhas forças: 
"Go home, Trump!"

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Brasil, incompetência é o seu nome!

 

Tente descobrir um papel ou uma garrafa plástica jogados nesta rua na Suíça

Difícil acreditar. Mas a maioria dos acontecimentos que viram manchetes e notícias na mídia, mostram o lado negativo que nos cerca por todos os lados. Graças à incompetência dos responsáveis.

No incêndio no hospital do Rio na terça-feira, 27/10, quando três pessoas morreram, as notícias dão conta de que o Ministério da Saúde sabia de risco de fogo ao menos desde abril de 2019; após relatório feito por equipe de engenheiros a pedido da pasta, nenhuma adaptação foi feita. Onde estava o diretor-responsável pelo hospital? 

As enchentes de São Paulo mostram a incompetência de prefeitos, um após o outro, que nada realizam para minimizar seus efeitos - inundações, deslizamentos, carros submersos, lixo boiando pelas águas. Nenhum plano foi proposto após a construção do primeiro piscinão, ainda no mandato de Paulo Maluf, mais um prefeito que foi preso. Onde estão os engenheiros, planejadores, responsáveis por soluções?

No Rio de Janeiro, cada vez mais os traficantes e as milícias vão tomando conta e formando um governo paralelo. Armados de fuzis e armas pesadas, meliantes circulam em bandos atemorizando, chantageando, matando, roubando e invadindo propriedades. Em países mais organizados, militares montaram verdadeiras operações de guerra, acabando com estes tipos de governos paralelos, principalmente na América do Sul. 

Mulheres que vivem na linha da pobreza, além de não conseguirem trabalho e geralmente viverem sozinhas com cinco, seis ou mais filhos, não recebem orientações da Assistência Social (será que essa instituição existe?) para aprenderem a usar contraceptivos - ou exigir que seus parceiros o façam. Pode-se imaginar o futuros destas crianças...

Prefeituras da maioria das cidades não conseguem acabar com o péssimo hábito dos cidadãos (?) em jogar lixo nas ruas, criando focos de doenças, entupimento de bueiros, enchentes e toneladas de plásticos e outros objetos. Por quê na Suíça e em outros países europeus raramente se vê um simples pedaço de papel nas ruas?

Neste post poderiam ser incluídas mais e mais demonstrações da incompetência brasileira que impedem nosso país de integrar o 1o. Mundo. Mas o texto se transformaria em um livro de 200 páginas, ou mais. Triste!

Em janeiro, médicos, enfermeiros e parentes de pacientes fizeram uma manifestação em frente ao Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, após a direção da unidade decidir gastar R$ 156 mil para comemorar a festa de 70 anos da unidade. O evento aconteceu no momento que a unidade de saúde passava por um “choque de gestão” por falta de materiais para trabalhar no local. As tendas onde aconteciam a festa acabou sendo invadida por pelo menos cem manifestantes, entre médicos, servidores administrativos e enfermeiros, que gritavam palavras de protesto, além de "fora, Luana", se referindo a Luana Camargo da Silva, diretora do HFB, uma farmacêutica que não tinha a menor competência para dirigir aquela entidade.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

513 deputados federais. Para quê?

 

A cada eleição bienal no país, surge em minha mente a imagem do palhaço Tiririca (lembra-se dele?), que decidiu candidatar-se e acabou eleito deputado federal por São Paulo, tendo sido o quarto deputado mais votado em toda a história do Brasil. Em quatro anos de legislatura, pronunciou um único discurso, em 6 de dezembro de 2017.
Assim como Tiririca, a maioria dos deputados apresenta zero ou pífias realizações, um quadro que chega a ser assustador. Quantos dos 513 deputados federais realizam efetivamente algo de positivo para a nação?
Muita gente nem se lembra do nome do deputado federal, estadual ou vereador  que ajudou a eleger com seu voto na última eleição.
As campanhas políticas mostram uma avidez dos candidatos em se elegerem e, quase sempre, suas finalidades se prendem unicamente a dinheiro, ganhos ilícitos, descaminho e, pior, nomeação de familiares e amigos a título de assessores. Daí surgem as chamadas "rachadinhas". O povo que se lixe!
O salário mensal mais benefícios de cada deputado federal soma R$168,6 mil (cerca de R$2 milhões /ano. Somados, os deputados representam um custo mensal de R$86 milhões e  de mais de R$1 bi anuais.
Junte-se ainda a verba para contratação de assessores para cada deputado, que é de R$ 101.971,94 e deve ser dividida entre 5 a 25 pessoas, que recebem uma remuneração variando entre um salário mínimo e R$ 14.334,28... e teremos a mais exata configuração de uma Corte Imperial, que manda e desmanda no país.
É por isso que aparecem tantos Tiriricas da vida tentando a sorte grande nas eleições. Uma aposta muito mais viável do que arriscar um jogo na Mega-Sena. 

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Senadores sabatinando juiz? Só pode ser mais uma piada!

O Brasil parece ter copiado  o american way of life no que se refere à aprovação de um juiz para ser nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal.
Pois para ser nomeado, o juiz Kassio Nunes foi sabatinado por mais de 10 horas por uma comissão de senadores.
Só esqueceram de informar ao juiz que dentre os "nobres" senadores, vários deles sofrem processos, inquéritos e até condenações à vista.
Na listagem de "realizações" destes senadores, estão incluídos, dentre outros: 
  • Peculato 
  • Uso de Documento Falso 
  • Crime Contra o Sistema Financeiro 
  • Crime Eleitoral 
  • Gestão Fraudulenta de Instituição Financeira
  • Crime de Responsabilidade
  • Estelionato
  • Improbidade Administrativa 
  • Formação de Quadrilha
Pesquisando no Tio Google, apesar das dificuldades e falta de transparência nas informações que se referem ao Senado, descobrimos em um portal (não se sabe se atualizado) que os senadores acumulam 50 pendências judiciais: 36 inquéritos (investigações preliminares) e 14 ações penais (processos que podem resultar na condenação do acusado). A notícia dava conta de que nove senadores são (ou eram) réus no Supremo.
Nesta jabuticaba brasileira, são os bandidos que interrogam mocinhos.

Imagem: Cartoonstock

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Óh, melindrado!

 

E a incongruência continua. O Supremo Tribunal Federal realizou uma reunião plenária (na modalidade remota) para discutir a absurda soltura via habeas corpus do meliante André do Rap pelo ministro Marco Aurelio, o "bonzinho" que o livrou da cadeia.

O ministro Marco Aurelio foi voto vencido, tomando uma goleada de 9 x1. E ficou bravo, vejam só! Deixou de se fixar no absurdo que cometeu, colocando nas ruas um assassino (sim, pois um traficante de drogas é, por essência, um assassino, visto as drogas resultarem em um número enorme de mortes em todo o mundo) e desancou o presidente atual do STF, ministro Luiz Fux pelo fato deste ter revogado o habeas corpus concedido. Afirmou, já quase fora de si, que se sentia ultrajado, pois um colega jamais poderia passar por cima das suas decisões.

Aqui vai a observação de um simples cidadão: qual a lógica do melindrado ministro Marco Aurelio se fixando - e de forma errônea - à letra fria da lei (lei fajuta inserida pela Câmara dos Deputados)? Onde fica a nossa segurança individual sabendo que indivíduos de alta periculosidade estão rindo à-toa pelas ruas? Por quê esse poder imperial de seres humanos que se julgam deuses, julgadores que interpretam as leis a seu bel prazer?

(Foto: G1)

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Ministro Marco Aurelio: infantil, de má-fé ou ignorante?

 

Que me desculpe o Ministro. Espero que a liberdade de expressão ainda coabite no Supremo Tribunal Federal.

Mas é inacreditável que um sujeito como ele interprete a lei de forma a soltar da prisão um delinquente de alta periculosidade, condenado a vários e vários anos de prisão, julgado em 2a. instância, como o tal André do Rap, que negocia toneladas de drogas entre o Brasil, países da América do Sul e Europa. Mesmo atrás das grades.

Esta interpretação do ministro mostra a empáfia de gente do poder. Preguiçoso, ele se absteve de examinar a ficha criminal do bandido e diz que "seguiu a letra da lei". Nós todos que nos danemos!

A tal "letra da lei" foi, obviamente, concebida lá na Corte Imperial de Brasília. Um Congresso ineficiente, que busca decisões para favorecer apenas os seus "pares", grande parte deles envolvidos e enrolados em processos. Continuam livres apenas por causa da chamada "imunidade parlamentar", uma aberração por eles criada e complementada com a proibição de serem presos no período eleitoral. Por isso, dezenas deles gastam fortunas em suas campanhas para sua reeleição, o que os livram de ver o sol nascer quadrado.

Aliás, Congresso que usurpa nosso pobre dinheirinho: ganham fortunas, escamoteadas através de verbas esdrúxulas para viagens, seguro-saúde, contas telefônicas, diárias e, principalmente, com um staff de assessores, assistentes, secretárias, os aspones da vida. Quantos e quantos flagrantes já ocorreram, detectando pagamentos a familiares, empregados domésticos, caseiros e que tais, todos eles alegadamente "dando expediente fora de Brasília"?

A luta por um Brasil melhor deveria começar com uma limpeza no Congresso Nacional, reduzindo para 1/3 o número de deputados, eliminando o Senado (qual a sua utilidade, sendo uma duplicata da Câmara Federal?), reduzindo salários e extirpando as famigeradas verbas extras.

Com certeza sobraria muito mais dinheiro para o Governo Federal distribuir aos mais carentes e miseráveis.