quinta-feira, 23 de maio de 2019

Dando com uma mão e tirando com a outra


A Câmara dos Deputados aprovou  a Medida Provisória 870, que reformou a estrutura ministerial, reduzindo o número de pastas de 29 para 22. Uma colher de chá para o governo Bolsonaro.

Porém, logo em seguida, os congressistas decretaram uma relevante derrota ao governo (228 votos a 210), retirando o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça, comandado por Sergio Moro, e passá-lo para o Ministério da Economia. 

Analistas políticos afiançam que esta estratégia evitará a mão pesada da justiça sobre a infinidade de congressistas enrolados com irregularidades (corrupção, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito y otras cositas más).
Foto: Sérgio Lima

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Os Narcisos da política


Como sabemos, Narciso é um personagem da mitologia grega, filho do deus do rio Cefiso e da ninfa Liríope. Narciso era arrogante e orgulhoso, mas ao invés de se apaixonar por outras pessoas que o admiravam, ele ficou apaixonado por sua própria imagem, sendo hoje o símbolo da vaidade.

Nós contamos com inúmeros Narcisos na política, que se pavoneiam e fazem de tudo para aparecer, querendo sempre se sobrepor aos outros.

Talvez o Narciso mor seja o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Enciumado pelo sucesso obtido nas urnas pelo atual presidente Bolsonaro, Maia quer porque quer impor suas vontades, suas ideias, mesmo que contrarie colegas e bata de frente com o pessoal do Executivo. Ontem, dia 9, Maia passou por cima do acordo anteriormente firmado e disse que não vai colocar em votação a  Medida Provisória enviada pelo Executivo, que reestrutura o governo Bolsonaro. A Medida Provisória perderá a validade no dia 03 de junho e, se não for aos plenários da Câmara e do Senado, o governo voltará a ter a mesma estrutura da administração de Michel Temer em relação à quantidade de ministérios.

São atitudes como esta que provocam o atraso do Brasil. Também ontem a Câmara conseguiu bloquear a permanência do COAF na Secretaria da Justiça - o que facilitaria as investigações sobre corrupção, enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Pompa e circunstância


Acontecimento impensável para os brasileiros, eis que nasceu mais um herdeiro do trono britânico. Filho do Príncipe Harris e de Meghan, Duquesa de Sussex, este bebê agitou a Gra-Bretanha, movimentando as casas de apostas para premiar quem acertar seu nome, além de extasiar milhões de homens e mulheres.
No Brasil, talvez a única equivalência desta pompa e circunstância se localize em Brasília, onde legisladores (Câmara e Senado) e juristas (Supremo Tribunal Federal) vivem um sonho dourado, com salários, verbas e adicionais astronômicos, sonho impensável para nós, simples lacaios, vigiados, cobrados e tolhidos financeiramente.

domingo, 5 de maio de 2019

Bill de Blasio, shame yourself!


O prefeito de Nova Iorque nos brindou com uma nota fora e afrontou a todos os brasileiros quando se referiu ao presidente Bolsonaro, que cancelou sua viagem àquela cidade para receber uma homenagem: "Ele é perigoso não apenas por causa de seu racismo e homofobia evidentes, mas porque ele é, infelizmente, a pessoa com mais condições de impactar sobre a Amazônia".

Para quem não sabe, os Estados Unidos apresentaram a maior perda com desmatamento, representado 6% da cobertura total em apenas cinco anos, resultando na redução de 120 mil km2 de florestas. 

A Europa vem liderando os países industrializados na condução do desmatamento global,  atesta um relatório independente divulgado pela Comissão Europeia. Segundo o estudo, o consumo de bens europeu levou a uma perda de floresta de pelo menos nove milhões de hectares entre 1990 e 2008. Esse número representa uma área do tamanho da Irlanda. Uma análise detalhada do ano de 2004 mostrou que a União Europeia foi quem mais contribuiu para a destruição florestal por causa de importações.

Pesquisadores afirmam que mais de um milhão de quilômetros quadrados de florestas foram perdidos entre 2000 e 2005 ao redor do globo, representando 3,1% da cobertura total. Porém, para a surpresa de muitos, o estudo revela que no mesmo período, Estados Unidos e Canadá apresentaram taxas de desmatamento maiores até mesmo que o Brasil quando levada em conta as suas áreas.

Portanto, senhor De Blasio, antes de criticar o pomar do vizinho, olhe para o seu próprio pomar - ou o que ainda restar dele.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Vontade de assassinar a Vivo!

Levantamento do Estadão mostra a Vivo como a operadora com maior
número de reclamações dos clientes
Se a empresa de telefonia Vivo fosse uma pessoa, provavelmente não estaria mais em pé. Teria sido abatida por milhares de pessoas que nutrem o mesmo sentimento de ódio que eu. 

Pois já  há cerca de um mês essa empresa passou a perturbar meu sossego com  dois e até três telefonemas diários, inclusive aos domingos, tanto no meu aparelho fixo, como no celular. Para não serem identificados e por consequência barrados nas ligações, eles se valem de números não repetidos, com DDDs de localidades das mais diversas. 

Ao atender, constatamos que é uma gravação, impelindo-nos a falar com algum atendente. Querem por que querem que  eu troque de operadora e me torne cliente Vivo. Como não encontrei nenhum número de telefone ou um e-mail que nos permita falar com a diretoria ou, de alguma forma, solicitar que a empresa pare de me atormentar, decidi ouvir o termino da gravação  e aí, sim, falar com o atendente. Por duas ocasiões soltei o verbo com uma intensidade tal que as genitoras deles devem ter sentido a minha ira. Seja lá onde estiverem. Até no túmulo!

Então, como não adianta nada deixar de atender às chamadas da Vivo, coloco o problema na rede para quem quiser ler. Na esperança de que algum diretor ou graduado daquela empresa também o leia.

Nota zero para a empresa que deve estar assessorando a Vivo e inventou essa fórmula idiota de agredir as pessoas. Pois propaganda bem feita é aquela que atrai o consumidor, seja pela qualidade dos serviços, seja pela beleza da linha, seja por indicações de terceiros, seja por motivações psicológicas, seja pelo atendimento das suas demandas. Quem quer que tenha sugerido à Vivo esta agressão, está direcionando a empresa a um buraco negro, sem volta. Pois quem nutre raiva a respeito de algum produto ou alguma empresa, dificilmente esquecerá a irritação pela qual passa ou passou. O revide virá em algum momento. 

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Medicamentos mais baratos = menos demanda por hospitais

A foto mostra um pequeno emplastro aplicado no ombro contra a dor, cujo custo - já com descontos - é de cerca de R$35,00 cada unidade. Como o médico recomenta trocá-lo a cada semana, seu custo mensal chega a R$140,00.

A baixa renda e o alto custo da maioria dos medicamentos fazem com que cada vez mais brasileiros abandonem seus tratamentos, restando-lhes apenas tentar soluções em postos de saúde, ambulatórios e hospitais. Alguns casos tornam-se tão graves sem a medicação que é necessária a internação e não são poucas as situações que poderiam ter sido controladas preventivamente, mas transformam-se em casos de alta complexidade.


O governo oferece medicamentos sem custo através da Farmácia Popular, mas a lista é tão restrita que muitas das receitas dos médicos não são atendidas.


E como o próprio governo poderia facilitar a vida dos brasileiros? Teria que ser elaborado um cálculo comparando o quanto de arrecadação os impostos sobre medicamentos representam para o tesouro, comparativamente aos custos de internação em hospitais. Com toda certeza, o resultado favorecerá a nossa saúde, inclusive abrindo espaços de atendimentos nos hospitais. Em resumo: medicamentos mais baratos = menos demanda por hospitais. 


sábado, 13 de abril de 2019

O poder de fogo das milícias cariocas


No Brasil, milícias são grupos de pessoas que realizam patrulhas contra narcotraficantes, geralmente em regiões onde o Estado não está presente com serviços básicos à população – como a própria segurança pública. Fato bem marcante no Rio de Janeiro, onde o Estado se ausentou, se omitiu e os próprios governantes saquearam os cofres públicos.

Ao substituírem o Estado, as milícias criaram a cobrança de taxas de proteção contra roubo ou a venda de drogas; exploração clandestina, cobrando e dominando os serviços de gás, televisão a cabo, máquinas caça-níqueis, cocos verdes, crédito pessoal, imóveis e transporte alternativo; oposição aos narcotraficantes e ao domínio territorial de facções; é uma segurança alternativa composta por policiais, bombeiros, vigilantes, agentes penitenciários e militares, tanto os já fora de serviço ou ainda ativos.

Por causa do desmoronamento de dois edifícios, descobrimos que praticamente toda aquela área é composta por dezenas e dezenas de construções - com cinco ou mais andares - erigidas e vendidas por milicianos, todas irregulares, sem alvará, sem licença, sem projetos, sem análise de solo, sem cálculos de estruturas e sem nenhum controle por parte do Estado. Pode-se notar que os prédios não obedecem aos padrões normais de construções, como a distância lateral entre um e outro, aparentando não oferecer luz solar para a maioria das unidades laterais.

Incompreensível a omissão do Estado: onde estavam a Prefeitura, o Judiciário, a OAB, o governador, a polícia, a fiscalização, o controle? Hoje, a possibilidade de acompanhamento das invasões de áreas de preservação e e construções irregulares através de satélites e via Google inviabiliza qualquer tentativa de explicações, de desculpas ou de alegada ignorância do poder público.

Medo. Esta é a explicação mais plausível. As autoridades têm medo das milícias e dos milicanos, omitindo-se, escondendo-se, ignorando propositadamente aquelas ações ilegais e irregulares. Vergonhoso para nosso país!


Foto: AP Photo/Renato Spyrro