sábado, 25 de abril de 2020

Da eleição à pandemia


Na última eleição, dois eram os caminhos a ser seguidos: votar pela continuidade dos esquerdistas, corruptos e incompetentes ou em uma alternativa que surgiu do nada: deputado Bolsonaro, que vinha de sete mandatos com apenas dois projetos aprovados em sua trajetória.
Os novos meios de comunicação e propaganda política (redes sociais, grupos de apoio, notícias falsas (as fake news), denúncias contra os meios de comunicação tradicionais (especialmente a Rede Globo) e outras armas nem sempre éticas, exaustivamente explorados pelos seguidores do novo candidato, exaltando seu nacionalismo, sua "incorruptibilidade", o final do "troca-troca" e principalmente o fato de ser um nome "novo" no cenário da disputa, somando-se ainda o esfaqueamento de que foi vítima (um marketing favorável inesperado), conseguiram levá-lo ao poder.
Dois nomes de peso lhe forneceram alicerces políticos que o auxiliaram a conquistar maior credibilidade: o juiz Sergio Moro e o economista Paulo Guedes.
Com a finalidade de "popularizar" sua imagem, passou a misturar-se com seus "apoiadores", criou uma rede gigante formada por blogueiros, jornalistas, youtubers e gente do povo, cuja porcentagem enorme mal conhece as regras da língua portuguesa, usou (e continua a usar) seu twitter ofendendo opositores (a maioria das vezes com textos escritos por terceiros) e, pior: permite que seus filhos participem de decisões, ditem regras, ofendam e agridam verbalmente todos os que lhe são contrários.
Sua origem militar (apesar de afastado há mais de 30 anos dos quarteis) e lamentavelmente sua visão bitolada o fazem louvar o Coronel Ustra, líder das torturas na ditadura militar e único brasileiro declarado pela Justiça "torturador na ditadura".
Some-se o fato de ter convocado um enorme grupo de militares para integrarem seu governo e a receita está pronta: parte da população está convicta de que Bolsonaro quer a volta da ditadura. (Importante: esta não é a opinião deste articulista!).
Sua inexperiência ou ignorância no cargo máximo da nação o fez distanciar-se do partido que o apoiou na eleição (o décimo partido ao qual pertenceu), dos partidos e figuras políticas que integraram sua rede e, lamentavelmente, criou rupturas com os políticos detentores do poder (Maia, Alcolumbre e seus seguidores), além dos ministros do Supremo.
Talvez fruto da sua insegurança, vem afastando todos aqueles que despontam em seu governo (Mandetta e agora Sergio Moro), para impedir que eventualmente lhe façam sombra e roubem seu posto de "número 1" na preferência popular. Quem sabe, pensando na reeleição?
Também seu prisma de visão em relação ao corona vírus é deformado: acredita que por ter bom preparo físico está imune e combate a todos os que o contestam - mesmo médicos e cientistas - quanto ao perigo que o vírus representa.
Alguns especulam que Bolsonaro poderá ser "impichado" em breve. 
Mas em contraposição às publicações, fotografias e incentivo explícito inseridos nas redes sociais e desejo de alguns, dificilmente ocorrerá no Brasil um novo regime militar (a memória do povo ainda é relativamente fresca em relação às torturas, desmandos e medo que aquela época nos reservou).
No caso eventual de afastamento do presidente, provavelmente ocorrerá uma convulsão social, a briga pelo poder, um possível refortalecimento das esquerdas e dos corruptos, além do enraizamento daquele pessoal chamado de realeza - senadores e deputados que ganham salários, mordomias e regalias ultrajantes. Também permanecerão no poder os ministros do Supremo - mesmo aqueles que há tempos são execrados pelos brasileiros e, que sabemos, agem contrariamente aos interesses da maioria.
A incapacidade dos governantes em eliminar a miséria e a pobreza que avançam nas periferias das grandes cidades e nas pequenas cidades nortistas e nordestinas, a facilidade de transformar pessoas menos esclarecidas em massas de manobras e o cultivo da ignorância - com o declínio da qualidade de educação -, nos transmitem uma dedução lógica: jamais o Brasil integrará o rol de países democráticos (na real expressão do termo) e sempre ficará distante de países bem estruturados, como os países nórdicos, Japão, Coreia do Sul, Alemanha, por exemplo.
Com Bolsonaro ou sem Bolsonaro, as perspectivas de progresso e crescimento do Brasil, que já eram pífias antes da pandemia, agora são assustadoras e pouco animadoras.

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